O Brasil possui uma diversidade religiosa que assusta e preocupa. Por mais que pessoas precisem ouvir o som do evangelho, não devem acreditar em qualquer coisa. Cristianismo é não somente acreditar nos ensinos de Cristo e sim acreditar e seguir os ensinos de Cristo. Assim, uma pessoa pode se dizer cristã e na verdade não passar de uma religiosa. Por muito tempo as pessoas têm confundido o que é ser um religioso e o que é ser um discípulo (ou cristão). Isso não dá respaudo, por si só, à abrir portas de igrejas sem estrutura ou base doutrinária. E é neste meio em ebulição que temos jogado nossos homens, mulheres, famílias e sobretudo jovens. Em um meio “modinha” em que ser de uma igreja é manero, é ser “dá hora”.
Pense no povo da Galácia, ao qual Paulo dedicou uma carta. Fico imaginando um povo que viveu anos sob uma lei de ritos e ordenanças rígidas e que apontava praticamente tudo o que um “bom moço” deveria fazer aos olhos de Deus, tentando viver sem ela. Não questiono aqui o intuito dela entre o povo escolhido de Deus, mesmo porque, o texto de Gálatas já o faz: “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados.” (Gal. 3:24). É bom que se diga que Deus não se serve de uma religiosidade aleatória. Se fosse assim ele não teria se utilizado da lei mosaica através da qual o povo judeu recebera todas as instruções de como servi-lo de maneira agradável. Jesus em seu curto ministério dedicou boa parte do mesmo explicando que a religiosidade formalista e vazia não oferecia nenhum culto a Deus. Isso porque a religião é uma maneira errada de se olhar o reino de Deus. A religiosidade quase sempre (ou sempre) escraviza o homem em vez de libertá-lo. Quero chamar a atenção aqui, para o que aconteceu com o povo daquele lugar e o que acontece conosco hoje em dia.
A advertência que o Apóstolo Paulo faz aos cristãos da Galácia é direta: “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão” (Gl 5:1).Quando Paulo fala do perigo que os gálatas estavam correndo de novamente se submeterem ao “jugo da servidão” ele estava se referindo principalmente ao sistema judaizante apresentado por alguns falsos apóstolos que se infiltraram nas igrejas da Galácia. Já em suas controvérsias com os fariseus, Jesus os denunciava como hipócritas, pois colocavam jugos e fardos religiosos sobre as pessoas, sendo que nem eles faziam e agiam de tal maneira. Paulo então precisa se desdobrar em uma carta, muito bem redigida, mostrando às pessoas o engano de voltar a “velhas” práticas. O apóstolo fala do Cristo, de sua crucificação, do alto preço pago para nos resgatar do “gesso” religioso, além, obviamente do advento da ressurreição. Ainda fala que fomos batizados n'Ele, sendo agora identificados com Ele e por isso, devemos estar n'Ele. Que como “livres” da lei (que nos conduziu até Cristo) devemos nos beneficiar do que vem d'Ele. Sendo assim precisamos entender o que é ser um cristão verdadeiro. Ser cristão é se sujeitar voluntariamente a Deus. Essa é a primeira e mais importante característica de um verdadeiro cristão A sujeição que agrada a Deus é aquela que ocorre não por imposição e sim porque entendemos que Ele é Deus, o que Ele já nos deu, e o que ele nos dará quando o obedecemos por amor. Não devemos renunciar o pecado porque temos medo de Deus ou medo do inferno. Devemos simplesmente renunciar o pecado porque sabemos que quando agirmos desta forma estaremos agradando a Deus. Então nossa principal preocupação não será agradar as pessoas e nem a nós mesmos e sim a Deus.
Traga isso para sua realidade hoje. O que você tem ensinado? Relacionamento com Cristo, ou religiosidade? O que você vive diariamente? Relação ou religião? A resposta a essa pergunta é fundamental para que você compreenda o que direi nas linhas abaixo.
A resposta é sua, mas, deixe-me abordar algo que creio ser pertinente. Possivelmente você ensina (está as voltas) com religião e não relacionamento. O tempo todo pratica e ensina religião. Lembre do intuito da lei, servir de caminho até Cristo. De maneira muito semelhante, os ritos e programas das igrejas que freqüentamos tem esta mesma finalidade. Pois bem, em determinado ponto, o entretenimento e o “establishment” perdem o foco e a “Lei” passa a ser “pode-não-pode”, sem explicar os porques, muito menos, o que isso tem a ver com Cristo. É nesse caldeirão fervendo que as mais bizarras práticas passam a reinar sob a falsa alegação de trazer “almas para Jesus”. Campanhas das sete quartas-feiras, lencinho abençoado, caneta da decisão, martelo de não sei o que, rosas perfumadas e mais um monte de tralhas de cunho superticioso. Sem contar nos jargões que volta e meia estão nos lábios dos cristãos. Mas, não esqueça do “pão e circo” que o povo gospel adora, com pastores televisivos derrubando gente com casaco, expondo curas como “santos milagreiros” e cantores imitando leões no palco para ajudar a estar na mídia.
Você já deve ter conhecido de uma pessoa que passou a vida inteira dentro de uma igreja e, que depois de algum tempo “caiu no mundão”. Após certo tempo, a pessoa volta ao aprisco e faz tudo certinho, mas, isso não dura muito tempo e erros e mais erros são cometidos. Bem, comece fazendo uma pergunta: O que a pessoa conhecida sua faz, é errado (ou certo) aos olhos de quem? Dos nossos olhos, dos olhos da religião/pastor a que você responde, ou de Deus?
Quando o que falamos não surte o efeito que esperamos partimos para o entretenimento religioso. Entreter é infinitamente mais fácil que ensinar, que mostrar o caminho das pedras para um relacionamento duradouro. E quando nosso esquema elaborado de entretenimento evangélico falha, partimos para o terrorismo do que se deve ou não se deve fazer. Pronto, a lambança ta feita. Mais uma vez eu tenho que recorrer ao Apóstolo Paulo, aliás, ele é quem melhor orienta a cerca de como vivermos um verdadeiro cristianismo prático: “Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”(2Co 3:17). Diferentemente das pessoas que se encontram presas em alguma forma de religiosidade, consequentemente presas por heresias e paradigmas, os verdadeiros cristãos são livres para adorar ao Senhor, para fluir nos dons do espírito desprendidos de formalidades e tradições “caducas”
É nesse ponto que nos momentos em que a dor chega, a dúvida bate à porta e as tentativas fracassam, que as pessoas perdem o foco. Uns, como os gálatas voltam a práticas que haviam abandonado. Outros partem para coisas piores. O ser humano tem uma fixação pela lei do menor esforço. Isso o faz querer respostas prontas e a “benção” de não precisar pensar. Parece que gosta de ser regido por manuais. Bem, os judeus se acostumaram com isso. Dar um passo a frente sem o manual é algo difícil. Pense no dia que tirou as rodinhas de sua bicicleta. Pense na primeira vez que dirigiu sem o instrutor ou alguem em que confie ao lado. Pense quando precisou tomar uma decisão difícil onde a praxis não previa nada. Eu sei que foi difícil. Para mim ainda o é. Perceba que assim como os gálatas, alguns seres humanos tenderão a voltar para o que faziam antes. Eles se sentem seguros lá, mesmo não tendo noção do que estão fazendo. “Ah, todos fazem, nem deve ser errado!” é como muitos justificam. Ou ainda, “Ah, fé (ritos e praticas) nunca é demais!”. O problema é que nem sempre o que a maioria faz é o certo.
Muitos, ainda que não voltem para o peso da lei de regras bla bla bla, acham que podem agir como a “casa da mãe Joana”. Alegam estar vivendo uma liberdade, mas, estão em uma verdadeira terra sem lei. A estes Paulo adverte: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.” (Gal. 5:13). Isso denota mais uma vez a falta de ralacionamento do Cristo. A palavrinha liberdade é complicada. É confundida com permissividade e “oba-oba”. Jesus em momento algum instituiu isso. Apenas se mostrou como o verbo encarnado que veio trazer uma aliança mais elevada, ao contrário do que muitos pensam.
Uma das maiores dificuldades encontradas no meio cristão é o desvio de caráter e ainda pior é a falta dele. Por essa razão entendemos que mais do que nunca a igreja cristã compromissada em reproduzir o cristianismo autêntico deve investir no discipulado e na forma de aperfeiçoamento de vida. Através do discipulado é possível que uma pessoa de caráter totalmente duvidoso seja trabalhada à base de ensino bíblico, oração e aconselhamento. Infelizmente há em nossos dias muitas pessoas se declarando cristãs e, no entanto fazendo exatamente o contrário do que os ensinos de Cristo orienta a fazer. Isso deixa evidente que essas pessoas se tornaram religiosas e não cristãs.
O que precisamos é viver o caráter de Cristo. – Quando se vive na integra Gálatas 5:22 “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” - então nos tornamos verdadeiros discipulos, verdadeiros cristãos.
Deixo aqui o meu protesto de repudio a religiosidade "asséptica", higiênica e suas derivações do igrejismo alienígena. Devemos buscar uma espiritualidade que chegue a um objetivo mais elevado, porque o Verbo virou gente e habitou entre a gente para que a gente fosse (seja) livre!
Rodrigo A. Oliveira
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