21 de abril de 2011

PAZ, NÃO TEMAIS!


Não existe nada mais difícil de administrar que a ansiedade por algo que se espera. Um bebê que irá nascer. O telefone que não toca com a notícia da aprovação no novo emprego. A demora em sair o jornal com a lista de aprovados no vestibular. A decisão pendente sobre o acerto ou não do grande negócio. As horas contadas para ver a namorada que de “virtual” passará a “física”. Como será o primeiro beijo entre os apaixonados? Como será a estréia no time de futebol? Como me sairei na prova? Seguramente você que lê este texto já passou por situações como estas que listei.

Gostaria de falar um pouco sobre isso ilustrando a história de uma família amiga íntima de um grande médico.Ter um relacionamento íntimo com um médico tão bom é importante para eventuais problemas de saúde. Foi o que aconteceu com esta família. O irmão cai enfermo e as irmãs mandam avisar o renomado médico, amigo da família, que a situação é grave, caso de vida e de morte.

A notícia chega ao médico, mas, ele está em outra cidade trabalhando. As irmãs aguardam e aguardam, mas, o médico amigo da família no chega. A cada suspiro do irmão enfermo o desespero aumenta. A ansiedade paulatinamente toma o lugar da esperança no médico. Imagino uma das irmãs pensando: “Já são dois dias desde que os emissários o contataram e ele não chega.” E creio que a situação chegue ao ápice quando o irmão morre sem o auxílio do médico. Pois bem, agora a ansiedade se transforma em frustração. O médico chega, mas, já é tarde. O rapaz já está sepultado.

A forma pouco ortodoxa de contar a história do enfermo Lázaro e suas irmãs (Marta e Maria) serve muito bem para o que pretendo expressar com este texto.

Jesus, como o médico dos médicos e cirurgião de almas é alertado para o fato de Lázaro estar doente. Mas permanece ainda dois dias na cidade em que estava (João 11:6). Pense nas irmãs. Pense em que situação angustiante elas se encontravam. As palavras ditas aos discípulos, se ditas às irmãs, possivelmente as dariam mais alento: “Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo.” (João 11: 11).

Quantos de nós pedimos e oramos por soluções em nossas vidas? Quantos de nós buscamos os caminhos corretos para a resolução deles? Perceba que em muitas situações difíceis lutamos com nossas forças. Fazemos o que está ao nosso alcance para a resolução dos problemas. Quando percebemos que estamos diante de algo que não podemos vencer pelos meios que buscamos, imploramos a Deus e “entregamos a causa em suas mãos”. A fórmula utilizada por muitos é a seguinte: tentativa 1, 2, 3, 4, 5 (e por aí vai) = minha força; última tentativa = Apelo para Deus. Aos olhos de muitas pessoas, esta deve ser a maneira correta, mas, gostaria de sugerir outra bem mais interessante: Todas as tentativas = Orientação de Deus + meus esforços. Marta e Maria possivelmente buscaram auxílio médico, mas, buscaram a orientação mais acertada – Jesus.

Pois bem, o relato no livro de João diz que Jesus chega com Lázaro já morto e sepultado. Marta sai ao seu encontro. Em um rompante de desespero de quem acabara de perder o irmão diz: “Senhor, se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão. Mas sei que, mesmo agora, tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá.” (João 11: 21 – 22). Apesar da fé em Jesus Cristo, Marta hesita frente a uma oração supostamente impossível. A resposta de Jesus diz sobre Lázaro ressurgir. Ao que Marta contrapõe dizendo que sabe que isso se dará no último dia. Jesus então diz: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá”. Marta compreende o verbo no sentido da escatologia judaica herdada do livro de Daniel 12:2, onde, na morte, o homem desce ao Xeol (Números 16:33), como uma sombra privada de vida, mas que ressuscitará no último dia. Jesus retifica essa idéia no sentido de uma escatologia já realizada: ele próprio é a ressurreição. Aquele que nele crê jamais morrerá, já passou da morte para a vida, já ressuscitou com Cristo graças a nova vida que nele está. A morte, tal como Daniel a concebia, é abolida.

Após este diálogo, Marta vai até sua irmã Maria. Jesus permanece no mesmo lugar. Maria angustiada lança-se aos pés de Jesus ao que ele se comove. Esta passagem é importante pois João usa verbos diferentes quando refere-se à emoção da situação. Para Maria e os judeus tristes utiliza klaiein (Lamentar-se) e darkryein (verter lágrimas) para a comoção de Jesus. Em nenhum outro ponto da bíblia temos um relato de Jesus chorando. Acredite, Jesus verte lágrimas com a situação de angústia e ansiedade que eu e você vivemos. Por vezes o sofrimento e a confusão são tamanhos que mesmo sabendo e confiando no Pai Celestial, ainda duvidamos ou tememos o que possa acontecer. Saiba, isso é próprio dos seres humanos. Por outro lado, afirmo que Deus sabe todas as coisas e entrará com sua mão poderosa nas causas que apresentamos para Ele da forma mais acertada possível, mesmo que isso não nos agrade muito.

Apresentada a situação, Jesus pergunta onde estava o corpo de Lázaro. Ao saber que estava em uma gruta com uma pedra na entrada. Ele então diz: “Tirai a pedra.” Ao que dizem não ser aconselhado por estar o defunto já sepultado a quatro dias e estar fedendo. Em nossas vidas agimos exatamente desta maneira. Pedimos por ajuda e quando ela vem dizemos “ah Senhor, acho que não vai dar pois...”. A pergunta de Cristo é desafiadora: “Não te disse eu que, se creres, verás a glória de Deus?” (João 11:40). Qual o estágio de nossa fé? Ouvir o Mestre e retirar as pedras de nossa incredulidade? Ou simplesmente desistimos e deixamos o desespero e a falta de compreensão estagnar nossas ações? Ouvimos ou não?

A chamada feita a Lázaro em seguida é a mesma que ecoa em meu coração ao escrever este texto. Que eu e você possamos preencher nossos corações com as certezas de Deus. De que mesmo em meio a angústia e o sofrimento Deus está no controle das coisas, basta que o vejamos como ele realmente é sem as máscaras que preconcebemos e achamos corretas por estarem conosco a anos. Deus está acima do homem e qualquer teoria oriunda da mente humana não será capaz de definir ou circunscrever a grandeza de Deus. “Vem para fora!” é o milagre. “Vem para fora!” é o chamado de Jesus, confie nele, mesmo que as probabilidades estejam aquém de nosso entendimento.

Por: Rodrigo A. Oliveira

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